Rodrigo Ratier

Resumo em 5 pontos

1- “Velha” porque presente desde o início da profissão, e “boa” porque segue indispensável, a reportagem é base do jornalismo de qualidade.

2- Quando nomeia procedimentos de apuração, a reportagem se refere à coleta de informações. Que pode se dar por três caminhos: pesquisa, testemunho do ou da repórter — e claro, entrevistas.

3- Quando designa um tipo de texto, se refere à ampliação da notícia. Ou seja, a busca por contextualizar fatos e temas, olhando para o passado em busca das causas e para o futuro em direção às consequências.

4- Duas características não podem faltar: a precisão da informação e a pluralidade (a escuta de diferentes pontos de vista). Assim se constrói um retrato completo da realidade.

5- A análise dos porquês de um determinado fato é desejável. Ela não se confunde com a opinião — dizer se o que ocorreu é positivo ou negativo. O compromisso da reportagem é sempre com a informação.

Há dois significados para a palavra reportagem. Ela pode pode dizer respeito tanto a um procedimento de apuração quanto a um tipo de texto.

Aqui, vamos falar dos dois sentidos dessa “velha e boa” prática, sem a qual não há jornalismo.

Como procedimento de apuração, a reportagem consiste, como diz o dicionário Houaiss, em “adquirir informações sobre determinado assunto ou acontecimento para transformá-las em noticiário”.

Há três formas de fazer isso:

1- pesquisa: é o começo de tudo. Serve para preparar a pauta de entrevistas, obter uma primeira visão sobre o assunto que será tratado, confirmar impressões discutidas com a equipe. Na pesquisa, é essencial verificar o que já foi publicado sobre o assunto que você vai abordar (isso ajuda a definir a novidade que você vai trazer) e entender as noções básicas do tema (isso vai ajudar na hora de fazer entrevistas)

2- testemunho: é a presença do repórter no local do fato narrado. Um profissional atento, que observa e escuta com atenção, consegue produzir relatos envolventes, capazes de transmitir  emoção, gravidade, humor, curiosidade etc.

3- entrevistas: são a “alma” da reportagem. É ouvindo pessoas, tanto participantes da ação quanto especialistas, que o repórter vai conseguir construir uma visão ampla e o mais próxima possível do real. Como vimos no capítulo 2, é para isso que serve o jornalismo.

Dá para dizer muita coisa sobre a reportagem como técnica de apuração. Mas se tivéssemos de eleger os aspectos mais importantes, quais seriam?

Muita gente que estuda o cenário atual do jornalismo destaca que as principais qualidades das reportagens atuais devem ser a precisão e a pluralidade.

Precisão para conseguir a informação exata — quantidades corretas, declarações fiéis ao que dizem as fontes, exposição completa de pontos de vista. O jornalismo é o lugar das cifras exatas e não o terreno do “mais ou menos”.

Pluralidade para poder contemplar o maior número de pontos de vista sobre um determinado fato ou tema. Para fazer um jogo de palavras revelador, um ponto de vista é a vista de um ponto: cada pessoa entrevistada pode enxergar a mesma questão de uma perspectiva distinta. Ouvir diferentes lados (e não apenas o “outro lado”, pois muitas vezes há mais de dois) é uma providência ética básica do jornalismo de qualidade. Hoje, em meio a tanto conteúdo enviesado, ganha status de indispensável.

Agora vamos ao outro sentido da palavra reportagem: ela também pode ser um gênero, ou seja, um tipo de texto jornalístico.

O texto-base da profissão é a notícia. Você provavelmente sabe reconhecê-la: a notícia é o relato impessoal e objetivo, em geral curto, que procura responder a seis questões fundamentais para o leitor: o que aconteceu? quem participou? Onde ocorreu o fato? Quando ocorreu? Como ocorreu? Por quê ocorreu?

Como todos os outros tipos de texto jornalístico, a reportagem também se ocupa de dar respostas a essas questões. Mas, em relação à notícia, ela representa uma ampliação. Essa ampliação pode se dar em duas direções:

1- ampliação de conteúdo: a reportagem tem a ambição de contextualizar melhor os fatos noticiados e de propor prognósticos — que são previsões baseadas nas evidências disponíveis e não “chutes” sobre os desdobramentos. Enquanto uma notícia pode registrar a alta de preço de um gênero alimentício, a reportagem pode examinar as causas da elevação de preços e projetar consequências, ouvindo especialistas e pessoas afetadas pela inflação Em resumo, a reportagem olha para o passado e para o futuro.

2- Ampliação de forma: a reportagem pode ter linguagem mais quente e humana, com mais espaços para histórias de pessoas reais e o uso de alguns recursos da ficção (sobretudo narração, descrição e diálogos) a serviço da não ficção – não custa lembrar que o compromisso com a realidade é a aliança basilar do jornalismo.

Para concretizar essa ampliação, a reportagem como procedimento de apuração e como tipo de texto jornalístico se encontram. As entrevistas em profundidade, atentas e empáticas, são a base para a construção de relatos que consigam transmitir os impactos dos fatos que estão sendo narrados.

Claro que isso não se confunde com a romantização do texto. É um equívoco recorrer à opinião, adjetivação, lição de moral ou balanço de vida feito pelo autor e achar que assim se transforma uma notícia em reportagem. Uma reportagem nasce de uma apuração bem feita. É a quantidade e a qualidade da informação coletada que vai amparar a construção de textos mais complexos, precisos e plurais, diferenciando-se da massa de conteúdo de baixa qualidade hoje disponível ao alcance de um clique.

 

Dicas práticas

  • Atenção ao off the record. A expressão diz respeito às fontes que não querem se identificar para dar uma informação. Elas fazem isso porque têm interesse na divulgação da história, mas não querem se comprometer com suas consequências. Atualmente, reportagens com fontes em off tem sido chamadas pelos críticos de fake news.
  • O caminho é buscar o diálogo para que os entrevistados topem aparecer de cara limpa, com nome e sobrenome. Quando isso não for possível, opte pelo chamado “off cruzado”: a confirmação da informação anônima por pelo menos três pessoas diferentes. E indique na reportagem: “ouvimos três [ou mais] fontes que confirmaram a versão”.
  • Em alguns casos, a não identificação dos entrevistados é uma exigência legal. Em caso de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade ou vítimas de violência, o Estatuto da Criança e do Adolescentem (ECA) exige o anonimato como forma de proteção.
  • A tal “empatia” com os entrevistados é algo difícil de conseguir, mas essencial para a obtenção de informações completas e relatos humanizados. A melhor forma de consegui-la é por meio da escuta atenta do que dizem as fontes.
  • Preste atenção às histórias, dê espaço para as respostas, mesmo que fujam momentaneamente do tema. Assim você deixa o entrevistado à vontade e cria um espaço de confiança para que ele conte o que sabe e sente.
  • “Empatia”, comumente definida como “colocar-se no lugar do outro”, não se confunde com concordar com o que o entrevistado diz. É possível compreender o que levou uma pessoa a cometer um crime, por exemplo, sem subestimar a gravidade do ato.

Para saber mais

Considerado o maior documentarista da história do cinema brasileiro, o cineasta Eduardo Coutinho (1933-2014) é um mestre da entrevista humanizada. Seus filmes são baseados em depoimentos sobretudo de pessoas anônimas, de quem ele consegue extrair confissões e entrevistas cheias de emoção.

  • Assistir a seus filmes é inspirador. Em 2019, o Itaú Cultural organizou a exposição “Ocupação Eduardo Coutinho”, uma revisão de sua trajetória. O site da ocupação traz trechos curtos de suas obras mais importantes: Santo Forte (1999), Babilônia 2000 (2001), Edifício Master (2002), Peões (2004), O Fim e o Princípio (2005), Jogo de Cena (2007), Moscou (2009), As Canções (2011) e o filme póstumo Últimas Conversas (2015).

Entrevistas com crianças e adolescentes merecem atenção. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece normas que devem ser obedecidas quanto ao anonimato de crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. Para orientar a ação prática, a Associação dos Jornalistas de Educação (Jeduca) produziu o guia “Entrevistando Crianças”.

Ivan Paganotti

Resumo em 5 pontos

1- Práticas sociais e tecnologias inovadoras abrem espaço para novas oportunidades, mas também envolvem riscos inesperados, demandando que as regras sejam atualizadas ou ampliadas.

2- Os meios de comunicação já são limitados por diversas regras para preservar direitos e deveres: algumas são leis nacionais, aprovadas por representantes políticos; outras funcionam como regras definidas pelos próprios meios para seu funcionamento.

3- A regulação precisa ponderar direitos e deveres do público e dos meios. Ao tentar resolver um problema, é preciso evitar que se criem danos colaterais ainda maiores.

4- Há muita preocupação de que a regulação das mídias acabe abrindo espaço para censura, mas é possível regular a operação dos canais de comunicação, sem censurar seus conteúdos.

5- É possível se inspirar em iniciativas democráticas e bem-sucedidas envolvendo a regulação da mídia no Brasil, como o Marco Civil da Internet, ou em outros países.

As transformações tecnológicas podem fazer com que a mídia chegue mais longe, mais rápido e com imagem em melhor resolução. Mas isso não quer dizer que os meios de comunicação estejam melhores em termos de qualidade.

Se queremos meios de comunicação mais democráticos, justos, acessíveis e com maior qualidade, talvez não seja suficiente esperar que eles evoluam sozinhos, ou pela simples pressão dos usuários isolados. Pode ser necessário discutir coletivamente o que esperamos e o que não queremos dos nossos meios de comunicação. Para isso, temos o caminho da legislação debatida de forma democrática e transparente.

A mídia é uma indústria e, como toda atividade econômica, pode ser alvo de controle público sobre seu funcionamento. Isso já acontece, na verdade: existem diversas leis que tratam dos direitos e deveres de empresários, profissionais e do público de diversos meios de comunicação.

Existem regras que são tão importantes que inclusive fazem parte da Constituição, como a proibição de censura e as normas para concessões públicas de rádio e televisão. Outras normas não tinham como ser imaginadas quando os constituintes se reuniram no final dos anos 1980: a internet, por exemplo, foi regulada décadas depois, em leis discutidas no Congresso.

Além disso, os próprios meios de comunicação também se organizaram para criar regras para si próprios. É o caso dos publicitários, que criaram o Conar, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária. Isso não impediu o surgimento de leis para colocar limites na propaganda, mas permitiu que os próprios atores da mídia apontassem o que eles consideravam que era adequado ou não em sua prática.

Com a internet, o cenário é mais complicado. Antes, os comunicadores eram profissionais treinados e formados e, mesmo assim, não era raro que cometessem erros graves. Agora, qualquer pessoa com um celular conectado em uma rede social pode publicar informações para o mundo inteiro, mas nem todo mundo conhece as regras do jogo. Como garantir que os direitos e deveres de todos estão sendo respeitados?

Novos problemas parecem surgir com as novas tecnologias: fake news, ameaças, discurso de ódio, invasão de privacidade, hackers que roubam senhas e informações pessoais, exposição de imagens íntimas em vídeos publicados sem autorização.

A solução pode parecer simples: se as regras atuais não cobrem esses novos comportamentos nocivos, precisamos de novas regras, e penas mais duras.

Essa abordagem punitiva tem um risco, entretanto. Ao tentar encontrar soluções, precisamos tomar cuidado para não criar novos problemas ainda mais graves.

Isso aconteceu, recentemente, no combate às notícias falsas. A Malásia foi um dos primeiros países a aprovar lei para punir com multa e prisão quem publicasse informações sem comprovação. Mas essa lei acabou sendo usada para censurar críticas e denúncias de corrupção. O dano colateral foi tão grave que os líderes que criaram a norma foram afastados, e a lei acabou sendo revertida.

Isso não quer dizer que toda regulação da mídia necessariamente leve à censura. Depende da forma como ela é discutida, e qual seu alvo. É possível definir normas sobre o funcionamento dos canais de comunicação, evitando a tentação de controlar o conteúdo que pode circular ou não.

A Argentina, por exemplo, aprovou na década passada leis que tratam da propriedade dos meios de comunicação, evitando sua concentração e incentivando veículos alternativos menores. Nações europeias e até os EUA tem regras bastante rígidas para o funcionamento de meios de comunicação.

Mesmo aqui, no Brasil, temos exemplos positivos. O Marco Civil da Internet passou por um debate bastante amplo, recebendo contribuições de especialistas e do público geral antes de ser aprovado pelo Congresso, em 2014. É um bom exemplo de que o processo democrático e ponderado pode levar a leis robustas, consideradas um modelo internacional.

A regulação pode ser um caminho para uma mídia melhor e mais justa. Mas, para isso, a discussão sobre as propostas precisa também ser equilibrada e democrática – como a mídia que queremos.

 

Dicas práticas

  • Tome cuidado com o que você compartilha pelas redes sociais. As leis brasileiras que protegem privacidade, imagem e honra também valem para os espaços virtuais. Não adianta tentar apagar depois, pois a rede deixa rastros fáceis de recuperar.
  • Consulte sempre os códigos de conduta e normas para uso de aplicativos e redes sociais que você utiliza. Essas regras devem ser respeitadas nesses espaços, e se forem descumpridas há risco de punições como remoção de conteúdo ou até cancelamento da conta. Da mesma forma, se você encontrar algo que não respeita esses códigos, pode encaminhar denúncia dentro da própria plataforma.
  • Nas eleições, procure saber a posição dos candidatos sobre regulação e propriedade da mídia. Como a regulação dos meios passa pelo Congresso Nacional, deputados federais e senadores têm papel central na formulação dessas políticas. Eles também são os responsáveis pelas concessões de rádios e televisões, ou seja, decidem quais empresas privadas podem ocupar esses espaços concedidos pelo poder público.

 

Para saber mais

Marco Civil da Internet. Em processo com abertura para participação do público, o Congresso brasileiro aprovou normas para a internet, mostrando que é possível regular a mídia de forma democrática. Esse site registra todo o processo, desde as propostas da sociedade até o resultado final, aprovado em 2014.

Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Entidade portuguesa que regula os meios de comunicação no país. Em Portugal, assim como outros países europeus, a regulação da mídia é muito mais ampla: o site permite consultar normas e informações sobre a mídia desse país.

Comitê Gestor da Internet (CGI). Ainda que seu poder de intervenção seja bastante restrito, o Brasil também conta com um órgão regulador para a internet, que promove estudos e apresenta recomendações para garantir a manutenção e a segurança da rede no país.

Jéssica Almeida

Resumo em 5 pontos

1- Somos seres digitais que passam, em média, mais de 6 horas por dia navegando na internet. É neste espaço que tudo acontece, inclusive os esforços das empresas e organizações para chamar a atenção das pessoas para os seus produtos e serviços. Marketing digital reúne todas as estratégias utilizadas nesse ambiente para conquistar clientes, seguidores, fãs e apoiadores.

2- Marketing é um conjunto de atividades que tem o objetivo de entender as necessidades dos clientes, para então oferecer o que ele precisa (ou ainda não sabe que precisa). Mas o que era suficiente no passado para convencer uma pessoa a comprar um produto ou serviço já não funciona totalmente hoje em dia. Mudamos nosso comportamento, estamos mais abertos a novas experiências e muito mais exigentes em relação ao que consumimos.

3- O marketing digital tem muitas ferramentas: anúncios no Google, Facebook, Instagram; e-mail marketing, produção de conteúdo, blog, website. Mas antes de pensar nas ferramentas, é fundamental desenhar uma estratégia e entender como o seu negócio pode utilizar o marketing digital de forma adequada, com foco em resultados e de acordo com o orçamento disponível.

4- Sim, dá para fazer marketing digital com pouco dinheiro. Existem vários cursos gratuitos disponíveis na internet, que oferecem uma base consistente para iniciar a sua estratégia digital.

5- Atenção com o respeito à privacidade: entrou em vigor neste ano a Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD, que regulamenta o uso de dados pessoais na internet. Além disso, é fundamental respeitar o cliente e as suas preferências, entregando apenas o que ele deseja receber (leia-se “não envie SPAM”).

Marketing é uma atividade que cria, comunica, entrega e oferece trocas com valor para os consumidores, clientes, parceiros e sociedade. Ou seja, é uma disciplina da Administração que envolve muito esforço por parte das empresas para tornar um produto ou serviço conhecido e desejado pelas pessoas, a ponto de todos quererem comprá-lo.

Há alguns anos, uma campanha de marketing bem-sucedida recorria aos meios tradicionais como televisão, rádio, jornais, revistas, outdoors, para atingir o maior número de pessoas. Lógico que essas mídias ainda são utilizadas para divulgação, porém perderam muito espaço para a internet.

Aí entra o marketing digital. Um grande guarda-chuva que reúne todos os esforços de marketing que são realizados no mundo online, como anúncios no Google e nas redes sociais, blogs de conteúdo ou o próprio website da empresa, e-mail marketing, e outros canais cada vez mais segmentados.

Segmentação, aliás, é a palavra-chave do marketing digital. Isso porque o nosso comportamento na internet é monitorado por meio de cookies — espécie de “rastros digitais”que vamosdeixando pelos sites que navegamos, e esses dados de acesso são utilizados pelos profissionais de marketing para entregar ao usuário campanhas de acordo com o seu perfil.

Por exemplo, se você precisa comprar um novo celular e inicia uma busca no Google por um novo aparelho, você deixa vários rastros que são utilizados pelas empresas para continuar mostrando aqueles aparelhos para você, mesmo que você esteja apenas conferindo gatinhos fofos no Instagram.

Essa constatação vale também para quem faz parte de alguma organização — mesmo que seja pequena. É possível fazer marketing digital com poucos recursos!  Mas é fundamental ter uma estratégia, ou seja, realmente pensar bastante sobre o que fazer antes de realmente fazer.

Para desenhar uma estratégia de marketing digital, pense sempre no que você gostaria de fazer e quais são os seus objetivos. Além disso, tenha em mente como você vai monitorar os resultados, para ter certeza se todo o esforço valeu a pena. Existem diversos cursos on-line para iniciantes, com passo-a-passo do que fazer em cada canal digital, o que ajuda muito.

Para começar, tenha em mente que a estratégia deve estar relacionada à natureza do negócio. Se o seu objetivo é vender um produto, deve seguir um caminho de despertar o desejo de compra do consumidor. Por que o seu produto é melhor do que o do concorrente? Ele tem mais qualidade ou um menor preço? Se a sua empresa vende serviços, estamos falando de algo intangível, ou seja, que não pode ser tocado, o que requer conquistar a confiança do consumidor, o que é ainda mais desafiador no ambiente online.

Se a sua organização defende uma causa, também vai precisar de marketing para contar às pessoas o que faz, conseguir doações e ampliar a visibilidade.  Ou seja, vai ser necessário pensar em estratégia, definir objetivos, metas, avaliações, orçamento.

Para ser bem-sucedido, é preciso identificar quais são os canais digitais que a organização já possui e como potencializá-los. Com um orçamento mínimo, é possível investir em impulsionamentos de posts nas redes sociais. São eles que garantem um alcance maior de audiência e engajamento para a sua causa, já que as plataformas entregam gratuitamente seu conteúdo apenas para uma pequena fatia de seus seguidores.

 

É também importante ficar de olho nas novas tendências para explorá-las na sua organização:

  • Produção de Conteúdo: aqui, o foco é criar, publicar e distribuir informação, opinião ou entretenimento para sua audiências. O conteúdo precisa realmente ser útil para seu público, para que, a curto, médio ou longo prazo, ele se torne um cliente. A distribuiçãi pode ser por e-mail marketing, blog, podcast, ou nas redes sociais, por meio de posts, lives…
  • Inbound Marketing: Produzir conteúdo dá trabalho e gera um custo. Você pode fazer uma troca com o seu público: ele tem acesso ao seu conteúdo, desde que disponibilize alguns dados para que você possa enviar mais materiais. Essa é a sacada do inbound marketing, é quando um potencial cliente te procura, mas não necessariamente para comprar. É um começo de um relacionamento, palavras-chave quando estamos falando de marketing digital de sucesso.
  • Stories e Lives: De acordo com pesquisa do TechCrunch, o crescimento dos vídeos nos stories em 2018 foi quinze vezes mais rápido do que o mesmo formato no feed. Vídeo é um formato que agrada tanto jovens quanto adultos, e a gente viu a explosão de lives agora durante a pandemia. Ou seja, veio pra ficar e precisa ser considerado no planejamento do marketing digital. E hoje em dia, existem várias ferramentas e apps que ajudam na edição de vídeos, e os celulares andam muito mais potentes para produzir materiais de alta qualidade. Mas lembre-se: mais importante é o conteúdo.

Atenção também às regulamentações. Aqui no Brasil, estamos no começo da implementação da Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD. A lei, sancionada em 2018, entrou em vigor em setembro de 2020, e afeta diretamente a forma com que as empresas e organizações captam, armazenam e utilizam os dados de seus clientes, tanto no meio online quanto no offline. A LGPD surge exatamente em um momento em que discute mundialmente novas políticas de proteção de dados, e pautas sobre privacidade e segurança estão no topo da prioridade de muitos governos e até das empresas de tecnologia.

Agora as empresas e organizações passam a ter que respeitar padrões bem mais elevados de proteção de dados. Quem não respeitar está sujeito a penalidades altíssimas. A LGPD elenca dez princípios que as empresas devem obedecer, com destaque para os princípios de finalidade, adequação, necessidade e transparência.  Se a sua organização já trabalha com marketing digital e de alguma forma realiza captação de dados dos clientes, é fundamental estar atento às regras da LGPD.

 

Dicas práticas

  • Faça cursos, leia sobre o tema, leia sobre estratégias bem-sucedidas de marketing digital. Existem diversos cursos gratuitos, e-books, vídeos no Youtube que ajudam muito para quem quer começar a pensar em uma estratégia digital.
  • Analise os canais digitais que a sua organização já possui. É quase impossível que uma organização exista no século 21 sem um site ou uma página em redes sociais. Portanto, é importante identificar quais são os canais utilizados e como estão sendo explorados. Por exemplo, as redes sociais são atualizadas com frequência ou estão lá apenas criando mofo? E o website representa realmente a sua organização e possui uma estrutura compatível com as tecnologias atuais?
  • Valorize os conteúdos. Você pode ter todo o dinheiro do mundo para investir em marketing digital, mas de nada adianta se os conteúdos foram irrelevantes. Milhares de banners e anúncios competem pela nossa atenção diariamente, portanto o que tende a ser mais importante são histórias que sejam reais e inspiradoras.

 

Para saber mais

Resultados Digitais. Vale a pena conferir o blog, com dicas práticas sobre o mercado, além dos cursos e certificações gratuitos oferecidos pela plataforma.

Rock Content. Uma das empresas líderes em produção de marketing de conteúdo e que também oferece dicas, cursos, e-books e diversos materiais para aprender mais sobre o tema. Não deixe de conferir a seção de Marketing Digital para ONGs.

10 Aplicativos para destacar as suas publicações nas redes sociais. O Sebrae lista aplicativos e sites que você pode utilizar para produzir conteúdo com imagens de qualidade.

Rodrigo Ratier

Resumo em 5 pontos

1- “Crítico” pode tanto significar a pessoa que fala mal de tudo quanto aquela que questiona e avalia antes de tomar decisões. A educação, claro, visa formar pessoas do segundo tipo.

2- A criticidade é apenas um dos aspectos da nossa relação com a mídia. Há hoje diferentes competências que é preciso desenvolver. Além de audiência para os meios de comunicação, hoje somos todos produtores de conteúdo.

3- Assim, as competências midiáticas dizem respeito tanto à recepção das mensagens quanto à produção. São seis: conhecedor da mídia, maduro, crítico (competências da recepção); ativo, social e criativo (competências da produção)

4- Ajudar a desenvolver competências midiáticas não é tarefa apenas da escola. Ë possível trabalhar o tema na família, em grupos de WhatsApp, nas conversas com os amigos e na própria postura nas redes sociais.

5- Com as pessoas próximas, aposte mais na escuta, no diálogo em privado e menos nas lições de moral. Em seus perfis nas redes, adote um tom sereno, evitando ofensas e polêmicas vazias.

“Pensamento crítico” é daqueles termos desgastados de tanto que as pessoas o utilizam. Pior: o utilizam sem saber seu significado, o que o esvazia ainda mais. Portanto a primeira providência para falar em criticidade significa discutir qual o sentido de “crítico”.

O dicionário é um ponto de partida. Entre os sentidos apontados pelo Houaiss, “crítico” poder tanto 1- “quem deprecia, tende para a crítica como censura, depreciação, desaprovação”. Ou 2- “quem avalia competentemente, distinguindo o verdadeiro do falso, o bom do mau etc”.

Para resumir: uma pessoa crítica pode ser tanto aquela que fala mal de tudo quanto a pessoa que examina, questiona, avalia e toma decisões. É claro que a educação vai procurar formar pessoas críticas do segundo tipo. Mas nem sempre foi assim. Por muitas décadas, os programas de educação midiática se propunham apenas a mostrar o lado negativo dos meios de comunicação.

Hoje se sabe que isso não funciona — ao contrário, a postura demonizadora da educação sobre a mídia apenas afastou o assunto das salas de aula. Afinal, todo mundo assiste TV, navega na internet e posta nas redes sociais. Ficar o tempo todo falando mal dessas coisas vai levar à reflexão de quem realmente precisa pensar sobre sua relação com os meios de comunicação?

A pedagogia que estuda as mídias entende que pode, sim, haver manipulação. Mas não é um processo automático. Crianças e jovens em idade escolar são nativos digitais, o que significa duas coisas. Primeiro, que muitos deles possuem mais familiaridade do que nós com as ferramentas midiáticas disponíveis. E segundo, que eles e elas são dotados, sim, de competências midiáticas.

De que competências estamos falando?

Antes de tudo, é preciso lembrar que nossa relação com a mídia mudou muito nos últimos anos. Se antes éramos apenas espectadores — da TV, do rádio, do jornal e das revistas –, hoje em alguma medida todos somos também produtores de conteúdo. O Facebook, por exemplo, conta com 2,5 bilhões de usuários ativos. O WhatsApp, 2 bilhões. Cada uma dessas pessoas escreve postagens, curte e comenta conteúdos, encaminha mensagens. É preciso considerar essa grande novidade que torna cada um de nós verdadeiras “mídias humanas”.

Assim, as competências midiáticas contemplam tanto a dimensão da recepção quanto da produção. Uma pessoa que lida bem com a mídia é o que os pesquisadores chamam de “sujeito multidimensional”, possuidor de seis competências:

1- Ativo: faz a comparação do texto da mídia com seu próprio contexto de vida. Toma atitudes (comenta, responde) quando entende que a informação é incorreta.

2- Conhecedor: tem um grande conhecimento sobre a mídia. Sabe que existem interesses econômicos e políticos por trás da veiculação de conteúdos.

3- Maduro: libera e controla sua imaginação a partir dos estímulos da mídia (e não é controlado por ela). Sabe o momento de se conectar, e principalmente, de se desconectar.

4- Social: está inserido em grupos em que pode discutir o significado das mensagens que recebe e ter auxílio para interpretá-las.

5- Criativo: é capaz de recriar textos e escrever novas histórias, autorais.

6- Crítico: consegue capaz de julgar e questionar a mensagem da mídia a partir de sua identidade cultural.

Deixamos o “crítico” para o fim de propósito: a ideia é mostrar como o trabalho com a mídia se complexificou. Favorecer a postura crítica — no sentido de “atitude inquieta, cética, questionadora” — segue sendo fundamental. Agora, porém, trabalhar as demais competências midiáticas também ganha importância, a mesma que o conjunto dos meios de comunicação possui hoje em nossas vidas.

Esse trabalho não se restringe à escola. É ótimo que o tema esteja cada vez mais presente no sistema formal — a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento que norteia os currículos do país, estabelece a educação midiática como um de seus pilares. Mas é possível trabalhar o tema na família, nos grupos de WhatsApp em que você está inserido, nas conversas com os amigos e na própria postura nas redes sociais. Abaixo, você confere alguns conselhos para nortear suas ações.

Dicas práticas

  • Se você quer estimular o pensamento crítico de alguém, não comece… criticando. Falar mal e apontar o dedo é uma postura que coloca pessoas na defensiva. Se você quer colaborar para a mudança de comportamento de quem, por exemplo, compartilha discurso de ódio, a primeira providência é ouvir: Como a pessoa se informa? O que considera confiável? Como – e se – checa a informação que recebe?
  • Chamar a atenção em público também costuma ser pouco efetivo. Há sempre maneiras mais discretas de passar o recado. Se alguém encaminhou fake news, por exemplo, você pode chamar essa pessoa em privado e apresentar checagem que desminta a notícia. Procure se expressar sem dar lição de moral. Se a pessoa vai tomar alguma atitude com base nas suas informações, é com ela. Você fez sua parte.
  • Nossos perfis nas redes sociais são nossos cartões de visitas. De nada adianta se dizer a favor do diálogo e comprar briga a cada nova polêmica que surge na internet. Ou, ainda, atacar pessoas com ofensas ou desinformação. Aprende-se basicamente pelo exemplo. Então, as pessoas podem aprender ao ver um perfil sereno e propositivo como o seu.
  • É preciso desenvolver nossa própria criticidade. A melhor maneira de fazer isso é não confiar em uma única fonte de informação. Procure ler e cruzar informações de diferentes origens. Dê preferência ao jornalismo profissional, produzido com padrões técnicos e éticos comprováveis.
  • Também é saudável a postura ativa. Leu alguma informação equivocada? Aponte o erro. Presenciou discurso de ódio ou discriminação? Marque o conteúdo como impróprio, denuncie. Viu algum tipo de sensacionalismo na TV? Escreva para a comissão de ética do sindicato dos jornalistas, acione o Ministério Público.

Para saber mais

Felizmente, existem cada vez mais iniciativas de educação midiática espalhadas pela internet. A seguir, recomendamos três delas, com perfis complementares:

Vaza, Falsiane é um curso online contra fake news e desinformação. Com linguagem acessível e pop, visa trazer os principais conceitos sobre o tema de uma forma interativa. É possível assistir vídeos, ler textos, participar de enquetes e testar seus conhecimentos nos 13 capítulos que compõem o curso (que fornece certificado aos concluintes). O perfil no Facebook, o maior de educação midiática no Brasil, traz dicas diárias inéditas contra as notícias falsas.

Educamídia é uma iniciativa do Instituto Palavra Aberta para trabalhar a educação midiática em escolas. O site possui definições de conceitos, material didático e planos de aula para auxiliar alunos e professores que desejam se aprofundar no assunto.

As agências de checagem de fatos se multiplicaram nos últimos anos. Isso é uma ótima notícia, pois a maioria das notícias falsas já foi desmentida por essas iniciativas. Vale sempre dar uma conferida nos sites do Projeto Comprova, Fato Ou Fake, Agência Lupa, Aos Fatos e UOL Confere. Ou, ainda mais simplesmente, digitar no google o título da notícia suspeita mais a palavra “boato” e verificar os resultados. Muito provavelmente, uma dessas agências estará entre eles.