Jéssica Almeida

Resumo em 5 tópicos

1- O Youtube é a maior plataforma de vídeos do mundo, com 2 bilhões usuários por mês. Além de uma fonte de entretenimento e aprendizado, o serviço movimentou a economia criativa ao abrir espaço para que qualquer pessoa pudesse ser um produtor de conteúdo – e ganhar muitos likes e dinheiro com isso.

2- Considerado a televisão do século 21, o site impacta diretamente a produção e distribuição de conteúdo original. Se no passado todos aguardavam ansiosamente pelo lançamento de músicas de artistas famosos no Fantástico ou na MTV, agora é o Youtube que concentra todas as superproduções.

3- O serviço se tornou uma ferramenta poderosa de aprendizado, com canais que oferecem conteúdos gratuitos, atualizados e dinâmicos.

4- Navegue com moderação, sempre.  Assim como nas redes sociais, o Youtube utiliza algoritmos para indicação de próximos vídeos, e como eles sabem direitinho o que gostamos, passamos horas por lá. É a nossa atenção e o nosso tempo que o Youtube vende para que os anunciantes mostrem seus produtos e serviços.

5- A plataforma também se tornou um espaço propício para a disseminação da desinformação e de conteúdos de ódio, e mesmo com algumas medidas restritivas, ainda é preciso ficar atento ao que se assiste por lá.

Texto-base

Em 2005, um vídeo de apenas 18 segundos foi o primeiro publicado no Youtube. Nele, Jawed Karim, co-fundador da plataforma, conta timidamente sobre a sua experiência em um zoológico. Um ano após “Me at the Zoo”, Jawed Karim, Chad Hurley e Steve Chen venderam a plataforma para o Google por 1,65 bilhão de dólares. Em 15 anos, o Youtube transformou o vídeo no tipo de material mais visto na internet – diariamente, os usuários assistem cerca de 1 bilhão de horas.

Desde o seu nascimento, a plataforma possuía funções básicas de rede social que permitiam, por exemplo, que os usuários incorporassem vídeos em seus blogs. A expansão do Youtube incentivou milhares de mentes criativas a produzirem seus próprios vídeos, e a empresa do Google se transformou na televisão do século 21, com conteúdos gratuitos e disponíveis 24 horas por dia. E se você não curtir o vídeo, ainda pode deixar o seu comentário e interagir com outras pessoas.

Enquanto os artistas mais famosos do mundo acumulam bilhões de views, muitos anônimos se esforçam para se transformarem em youtubers. Os criadores de conteúdo profissional da plataforma produzem vídeos para os seus canais, que atraem interações dos usuários, como likes, comentários e visualizações.  E, consequentemente, audiência para os anunciantes. Esta é a lógica do modelo de negócio que permite ao Youtube remunerar quem leva o tráfego de usuários para o site. Além disso, há a remuneração indireta, que os youtubers podem receber de patrocinadores, por exemplo. O número de canais ganhando mais de 100 mil dólares continua a crescer 40% ao ano, de acordo com dados da própria empresa.

A influência dos criadores de conteúdo vai muito além do público que acompanha os canais. Com mais de 40 milhões de inscritos em seu canal, Felipe Neto extrapolou as fronteiras do Youtube e hoje coleciona seguidores em outras redes sociais graças ao seu posicionamento político e social.

Outro ponto positivo é que a plataforma deu espaço para que pessoas que não tinham espaço na grande mídia ganhassem voz. A canadense Molly Burke, por exemplo, possui 2 milhões de inscritos no seu canal em que ela detalha suas aventuras e experiências como uma mulher cega.

Por muitos anos, a televisão cativou a sua audiência com telejornais, programas de auditório, novelas. Mas ao abrir espaço para a criatividade dos seus usuários e democratizar o acesso à informação, o Youtube transformou a forma como as pessoas consomem mídia.

O brasileiro passa, em média, 4h30 por dia conectado à internet e desse tempo, 1h47 ele passa jogando videogame, assistindo ao Youtube ou Vídeo On Demand. Isso coloca o Brasil na posição de segundo maior mercado mundial na plataforma em horas assistidas.

Na indústria do entretenimento, a plataforma se tornou um hub que reúne os grandes produtores de conteúdo do mundo, como BBC, Universal Music e Sony Music. Além da audiência, o Youtube roubou da televisão uma boa fatia dos anunciantes, que preferem dedicar seus orçamentos de marketing às campanhas digitais segmentadas .

Edutubers ajudaram a transformar o Youtube em uma ferramenta de aprendizado em um espaço gratuito e democrático. Os canais costumam atualizar conteúdos de forma dinâmica, com organização temática, interação com usuários e uma linguagem muito mais próxima dos estudantes. Durante a pandemia do novo coronavírus, em 2020, as visualizações diárias médias de vídeos com ensino em casa no título aumentaram mais de 120% globalmente.

Mas há também muitos problemas. O YouTube vem sofrendo críticas nos últimos anos por supostamente permitir a veiculação de vídeos com discurso de ódio e teorias da conspiração. A empresa também sofre acusações de manter os usuários em “bolhas”, reforçando as recomendações de vídeos similares e não remover conteúdo extremista. Anunciantes também boicotaram o serviço quando anúncios foram colocados ao lado de vídeos considerados inadequados pelas organizações.

Em 2019, a plataforma precisou criar uma política mais restritiva sobre conteúdos supremacistas ou que negassem a existência de atrocidades históricas, como o Holocausto.

Esta curadoria de conteúdos é uma linha tênue dentro das redes sociais. De acordo com a companhia, as alterações nos algoritmos de recomendação teriam reduzido o consumo de conteúdos “duvidosos” como curas milagrosas a doenças graves, afirmações de que a Terra é plana ou que façam alegações falsas sobre eventos históricos.

 

Dicas práticas 

  • Você é responsável pelo o que você publica. Se for postar vídeos, não utilize sua voz e influência para contribuir com a desinformação, os linchamentos virtuais, os discursos de ódio e a disseminação de conteúdos tóxicos.
  • Se você quer usar o Youtube para divulgar sua empresa, saiba que é possível conversar com segmentos selecionados da população. A plataforma colhe dados dos consumidores impactados, ajudando a gerar novas estratégias e campanhas.
  • Isso faz com que seja possível anunciar no Youtube escolhendo os tipos de vídeos e canais em que a sua organização quer aparecer. Essa coleta de dados também é objeto de críticas, pois invadiria a privacidade dos usuários — ainda por cima com objetivos comerciais.
  • Consuma conteúdo de forma crítica e responsável. Sinalize os vídeos que possam estar violando a Política de Uso do Youtube, disseminando conteúdos de ódio ou negação de atrocidades histórias.

 

Para saber mais

10 canais do Youtube para você usar o tempo livre aprendendo coisas novas sobre a vida e o mundo. Descubra como aprender pode ser divertido.

Como criar um canal no Youtube do zero? Se você tem algo a dizer para o mundo, que tal aprender como começar o seu próprio canal no Youtube?

Como postar vídeos no Youtube do jeito certo? O canal Fiquei em Crachá dá ótimas dicas para você começar a postar vídeos.

Programas gratuitos para edição de vídeos. O site Techtudo indica cinco softwares para produção audiovisual no computador.

Jéssica Almeida

Resumo em 5 pontos

1- Para muitas pessoas, Facebook é a internet. É agenda de eventos, álbum de fotos, troca de textos, vídeos, notícias, uma rede social que movimenta bilhões de dólares. É o espaço em que é possível acompanhar a vida do amigo da escola, o noticiário mundial, vídeos fofos de gatinhos e participar de acalorados debates políticos. Se você é uma empresa, é o lugar em que é possível encontrar 2,7 bilhões de consumidores em potencial.

2- O Facebook não é um serviço gratuito. O Facebook se tornou uma das mais influentes companhias do mundo, e com poder de influenciar até o rumo político das grandes democracias do planeta. Vale lembrar que a empresa de Mark Zuckenberg controla também o Instagram, o Messenger e o Whatsapp, o que significa muito poder nas mãos de uma só empresa.

3- Os algoritmos estão no controle. A curadoria do seu feed de notícias no Facebook é feita pelos algoritmos, um sistema computacional inteligente que aprende com o seu comportamento na rede social e começa a selecionar apenas posts que você vai interagir, curtir, comentar, compartilhar. Assim, você vai passar muito mais tempo navegando e exposto a muitos anúncios.

4- Aprenda a utilizar o Facebook a seu favor. No uso pessoal, entenda como o Facebook funciona e utilize a rede com consciência crítica, atento às armadilhas postas ali em busca da sua atenção.

5- Para a sua organização, utilize o Facebook Business como uma ferramenta estratégia de marketing digital, capaz de aumentar o alcance e engajamento dos seus conteúdos.

A mente brilhante de Mark Zuckenberg começou a rascunhar o Facebook nos dormitórios de Harvard, nos Estados Unidos. Em 2004, a rede social era um serviço restrito a estudantes de algumas universidades americanas, mas bastaram 4 anos para atingir 100 milhões de usuários. Com a missão de dar às pessoas o poder de construir uma comunidade e aproximar o mundo, o Facebook chegou a 2,7 bilhões de pessoas conectadas e se tornou uma das companhias mais influentes e poderosas do planeta. Lembrando que o grupo de tecnologia também controla o Instagram e o Whatsapp.

Os conteúdos que permeiam o nosso feed de notícias pautam as nossas relações pessoais, viram assunto na mesa de jantar e até causam rupturas e brigas familiares. Basta recordarmos das eleições presidenciais de 2018 aqui no Brasil e como o nosso país vive atualmente uma animosidade entre os que pensam diferente. Sim, este é um efeito potencializado pelo Facebook. A rede que nasceu com a missão de construir comunidades e conectar as pessoas enfrenta diversos problemas relacionados à privacidade dos dados, ao alcance e poder dos algoritmos, desinformação, discurso de ódio e modelo de negócios.

Hoje o mundo passa cerca de 2h24 por dia, em média, nas redes sociais. Precisamos ter a consciência de que a nossa atenção está à venda e consumir o que está lá de forma crítica. O primeiro ponto é entender o que é um algoritmo.

Conceitualmente, um algoritmo é uma sequência de raciocínios, instruções ou operações para alcançar um objetivo, sendo necessário que os passos sejam finitos e operados sistematicamente. Aparelhos como smartphones, computadores, smart TVs e tablets funcionam com sistemas baseados em algoritmos. Conforme novos comandos e possibilidades de uso surgem, significa que mais aprimorados e complexos estão os níveis de instrução de um algoritmo.

O Facebook foi a primeira rede social a usar algoritmos para categorizar os posts e utilizar critérios para definir o que seria ou não exibido para cada usuário. O objetivo era mostrar os conteúdos mais relevantes de acordo com o comportamento, preferências e engajamento do usuário. Eles são responsáveis por classificar todo o nosso comportamento, como curtidas, comentários, cliques, tempo que a gente permanece olhando para a tela. Os algoritmos entendem o que é aderente ao nosso perfil e o que chama a nossa atenção. Há, ainda, um esforço para que os usuários cliquem nos anúncios: este é o modelo de negócios.

Há mais. Toda a combinação de dados que os algoritmos são capazes de analisar permite que se façam predições sobre nossas preferências políticas, estado de humor ou se estamos propensos a comprar um produto. Não é exagero dizer que os algoritmos sabem mais sobre você do que você mesmo. Quanto mais tempo você passa nas redes e quanto mais você interage, mais perigosa será a sua relação com a rede social.

O Facebook vem contribuindo extensivamente com a crise de desinformação dos últimos anos. Uma análise do Buzzfeed nas eleições americanas de 2016 mostrou que, nos três últimos meses de campanha, 20 histórias falsas relacionadas às eleições geraram 8,711 milhões de compartilhamentos, reações e comentários no Facebook – as que mais repercutiram foram “Wikileaks confirma que Clinton vendeu armas para o Estado Islâmico” e “Papa Francisco choca o mundo e apoia Donald Trump”. No Brasil,  em que aproximadamente 66% dos brasileiros declararam utilizar as redes sociais como principal fonte de notícias, não surpreende que o país tenha enfrentado uma crise de disseminação de notícias falsas na eleição de 2018, a ponto da alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, declarar que as eleições foram afetadas pela desinformação, com a utilização de campanhas de desinformação e robôs nas redes sociais para influenciar opiniões e escolhas de eleitores individuais.

Outra crise que a plataforma vem enfrentando é em relação ao controle da privacidade dos usuários. Em 2018, cerca de 50 milhões de pessoas tiveram suas informações vazadas para a empresa de marketing político Cambridge Analytica por meio de testes de personalidade na rede social. Sabe-se que a empresa britânica teria usado dados disponíveis no Facebook para traçar perfis psicológicos detalhados de eleitores dos Estados Unidos, na campanha pró-Trump, e no Reino Unido, na campanha pró-Brexit, encaminhando conteúdo específico para cada um desses grupos.

Apesar de todas as polêmicas, o Facebook segue rejeitando seu papel de editor de conteúdo, e divulgou diversas iniciativas para tentar frear a disseminação de notícias falsas. Como estratégia de enfrentamento à desinformação, aposta em campanhas de conscientização sobre o compartilhamento de informações falsas na plataforma e incentivo às agências checagem de notícias. A empresa afirma que investiu ainda em mudanças em seus algoritmos para reduzir o alcance de manchetes caça-cliques, priorizando conteúdo produzido por usuários no lugar de conteúdo patrocinado.

Para quem possui algum tipo de iniciativa ou negócio, o Facebook criou uma ferramenta exclusiva para que as empresas pudessem gerenciar seus anúncios na rede social. Por lá, é possível criar público-alvo, fazer publicações, responder clientes e criar anúncios para o Facebook e também para o Instagram.

Se a sua organização já tem uma página no Facebook, é só acessar o Gerenciador de Negócios para começar a criar a sua estratégia de marketing digital na rede. Uma das mais efetivas e simples é o patrocínio de posts, em que é possível investir uma verba para que o conteúdo alcance um público maior. A própria plataforma mostra quantas pessoas o seu anúncio pode atingir de acordo com o dinheiro investido.

Além disso, você pode selecionar a segmentação que mais se adequa à sua estratégia, como localização, renda, interesses pessoais, escolaridade, entre outras bem mais específicas. No final do curso, indicamos alguns sites em que você pode aprender mais sobre a ferramenta.

 

Dicas práticas

  • Além de controlar o tempo que você dedica ao Facebook diariamente e como os conteúdos afetam a sua saúde mental, fique atento a medidas de segurança para proteger a sua conta, como escolher senhas fortes, não deixar o Facebook logado em computadores públicos, checar quais são os apps têm acesso à conta – e podem estar roubando os seus dados pessoais para uso de empresas terceiras – como no caso da Cambridge Analytica.
  • Explore as ferramentas do Facebook Business. Aproveite a audiência do Facebook e a possibilidade de segmentar os anúncios para criar uma estratégia de marketing digital de sucesso para a sua organização. Mas lembre-se que o mais importante é produzir conteúdos relevantes e que promovam uma conexão sincera entre a sua marca e as pessoas.
  • Saia da sua bolha. Sabemos que é muito mais confortável viver em um feed de notícias repleto de gente que pensa como a gente, que acredita nas mesmas causas, defende os mesmos propósitos. Faz até a gente pensar que vive no mundo ideal, não é mesmo? Mas, infelizmente, esse não é o mundo de verdade. Somos seres humanos, com pensamentos e ideias diferentes, pontos de vista contraditórios, e o debate é sempre algo saudável para todos nós.
  • Prefira espaços sem conteúdo tóxico. Desde que os debates sejam em alto nível, e não haja discursos de ódio ou desrespeito às minorias, é importante ouvir o outro lado. Cuide para que sua fala também seja serena. Precisamos, sim, nos preocupar com o impacto de de nossa presença digital em um sentido político e social.

Para saber mais

Facebook Business A ferramenta do Facebook para gerenciar negócios na rede social oferece ãs empresas a possibilidade de criar públicos, catálogos, fazer publicações, responder clientes e criar anúncios não apenas para o Facebook, mas para outras redes como Instagram e WhatsApp.

Como os algoritmos das redes sociais funcionam? Os algoritmos são responsáveis por selecionar o que vemos nos nossos feeds, em todas as redes sociais. Este vídeo explica de forma didática como eles funcionam e qual o impacto em nossas vidas. 

Na Netflix, duas dicas para quem quiser saber mais sobre a história do Facebook e como a rede social transformou o mundo.

  • A Rede Social Em uma noite de outono em 2003, o estudante de Harvard Mark Zuckerberg se senta em seu computador e começa a trabalhar em um novo conceito que acaba se transformando em uma rede social global. Seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história com o sucesso de sua rede social. Mas sua ascensão sem precedentes traz complicações legais e pessoais.
  • O Dilema das Redes O documentário entrevista ex-executivos das maiores empresas de tecnologia e professores para descrever o vício e os impactos negativos das redes sociais sobre pessoas como resultados de estratégias criadas para manipular emoções e comportamentos e manter usuários conectados. Tudo isso como um modelo de negócio lucrativo e sem concorrência.

Jéssica Almeida

Resumo em 5 pontos

1- Desde que o aplicativo foi criado, em 2010, passamos a conviver com feeds recheados de fotos e vídeos, stories que narram a rotina de amigos e famosos e muitas, muitas selfies e hashtags. O Instagram nos deixou à vontade para compartilhar detalhes íntimos de nossas vidas, e também criou perigosas armadilhas para a saúde mental. Como ferramenta de negócios para empresas, se tornou um espaço precioso para engajar audiências.

2- Por que eu devo me preocupar com o uso excessivo do Instagram? Pesquisa recente mostra que os brasileiros passam 2h30 por dia utilizando redes sociais. Outro estudo revelou que o Instagram é a rede mais nociva para a saúde mental dos mais jovens.

3- Ou seja, passamos parte do nosso dia expostos a imagens e vídeos que enaltecem viagens, relacionamentos e jantares perfeitos, enquanto nos esforçamos para equilibrar vida pessoal, trabalho, estudos e boletos. A vida das redes sociais não é a vida real. Esse tema precisa ser cada mais vez mais discutido.

4- Espera-se que o aplicativo continue tomando medidas em relação à privacidade e ao uso dados pessoais e à proteção da saúde mental das pessoas, como o fim da exibição do número de curtidas nos posts.

5- Outra tendência é a produção de conteúdos que criem conexões cada vez mais sinceras entre influenciadores/ empresas e seguidores. O Instagram é a rede social com mais engajamento, portanto é um canal digital extremamente poderoso para se relacionar com as pessoas, conquistar seguidores e estabelecer uma relação sincera com quem apoia a sua causa.

Em 2010, os empreendedores americanos Kevin Systrom e Mike Krieger se juntaram para criar um aplicativo capaz de postar uma foto de forma rápida e simples, além de uma interface que facilitasse o compartilhamento com os amigos. Ali nasceu o Instagram e a cultura dos likes. Em 2012, o Instagram foi vendido para o Facebook por 1 bilhão de dólares, quando o aplicativo tinha apenas 13 funcionários e ainda não dava um tostão de lucro. Uma década depois, o Instagram se tornou uma rede com 1 bilhão de usuários e 20 bilhões de dólares de retorno em anúncios.

Além dos números impressionantes, a rede social contribuiu para grandes mudanças em nossa sociedade. Por valorizar as imagens de qualidade no feed, o Insta incentivou o avanço tecnológico das câmeras fotográficas em celulares, e muita gente escolheu investir em um smartphone com uma câmera de alta resolução para postar fotos das férias ou caprichar nas selfies.

Selfies, outra palavrinha que entrou para o nosso vocabulário. A rede social é lotada de autorretratos, e a busca pela foto perfeita fez com que os filtros também evoluíssem. Tudo bem que os Stories existiam no Snapchat, mas foi no Instagram que se tornaram extremamente populares. A rede deixou a gente à vontade para compartilhar detalhes pessoais da nossa vida, e curiosos para descobrir o que as outras pessoas também estão fazendo. É como um diário aberto.

Os influencers também ganharam voz, notoriedade e seguidores produzindo conteúdos relacionados a nichos específicos, como moda, fitness, produtos naturais, cosméticos. A lista é longa! Muitos influenciadores ganharam tanta visibilidade que cobram milhares de reais de empresas para produzir posts patrocinados, e usar seus perfis para “vender” o produto/serviço.

De acordo com o estudo da Royal Society For Public Health, de 2019, o Instagram é a rede social mais prejudicial à saúde mental dos usuários. O risco é maior para os mais jovens, que tendem a comparar suas experiências e sentir que a vida do outro é sempre mais divertida, interessante e feliz.

A exposição excessiva está relacionada ao aumento de casos de bullying, depressão e ansiedade. Outra síndrome que ganhou notoriedade com a ascensão da internet, das redes sociais e dos smartphones é a FOMO, sigla em inglês para fear of missing out, algo como medo de perder algo, ficar de fora de uma discussão importante.

Outro sintoma do Instagram é a busca pela “foto perfeita dos milhares de likes”, que incentivou explosão de apps para alterar a própria imagem. Um feed com diversas fotos de viagens, cabelo sem frizz, e às vezes, até com um céu mais azul, é um cenário bastante frequente. A prática é tão recorrente, que a expressão “vida de Instagram” tornou-se comum para falar sobre perfis que aparentam ter a vida dos sonhos.

Mas esta não é a realidade. Os jornalistas Lindsay e Jazzmine, do Buzzfeed americano, protagonizaram o vídeo “Desafio: fingimos uma viagem para Londres no Instagram”, que alcançou mais de 3,7 milhões de visualizações. Sim, eles convenceram seus seguidores de que estavam em outro país: fotos em aeroporto, museu, cabine telefônica, casa de chá, restaurantes, entre outros.

Precisamos continuar cobrando ações efetivas das plataformas, como o fim da visualização do número de curtidas nos posts, uma alteração feita pelo Instagram para diminuir a competitividade e combater os efeitos colaterais da rede social. A produção de conteúdo tem que valer mais do que a curtida e as pessoas precisam pensar em como esse conteúdo está afetando a vida dos outros e construindo uma imagem simplesmente virtual.

Por fim, se você possui uma iniciativa ou organização, o Instagram têm tendências que podem ser exploradas para alavancar o alcance de sua mensagem:

  • Lives Instagram não foi o pioneiro, mas em 2020, enquanto todo mundo amargava uma longa quarentena, foram as lives do Instagram que deram uma leveza para o mundo, com shows, entrevistas, notícias, debates e dicas aleatórias.
  • Autocuidado A saúde mental está em pauta. Além das iniciativas das próprias plataformas, as pessoas estão tomando mais medidas para diminuir o tempo na rede social e escolher melhor quem seguir. Isso significa que as organizações que escolhem conversar com público no Instagram precisam estar atentas ao conteúdo produzido, de forma que seja inspirador e relevante.
  • Transparência e Regulamentação Sociedade, empresas e governos vêm cobrando das plataformas mais transparência e responsabilidade sobre o uso dos dados. A internet sempre foi um espaço livre, mas agora existem diversas iniciativas com objetivo de restringir conteúdos que promovam bullying, discursos de ódio, conteúdos impróprios. Essa regulamentação ainda é polêmica, e cada país vem seguindo suas próprias leis, enquanto as plataformas tentam encontrar o equilíbrio em o que liberar e o que restringir.
  • Conexões sinceras As pessoas buscam conteúdos reais, próximos da sua realidade. Influencers que pregavam uma vida perfeita, com roupas de gripe e rotinas bem fora da realidade, passaram a perder credibilidade. Com isso, cresce a busca por perfis de gente real, que inspire e traga experiências reais. Existe também um nicho ligado a causas, como a discussão do racismo, direitos dos LGBTQI+, veganismo, meio ambiente. Uma oportunidade de ouro para organizações que carregam essas bandeiras.
  • Engajamento: Enquanto plataformas como Facebook e Twitter tem altos e baixos com suas audiências, o Insta permanece como a rede social com maior engajamento.

 

Dicas práticas

  • Use, mas não abuse: A melhor forma de usar as redes sociais sem ser tão afetado psicologicamente é selecionar quem deseja seguir. Também é importante ter consciência da importância da privacidade. No Instagram, é possível escolher se você quer que seu perfil seja público ou privado. Nos Stories, dá para criar um grupo de amigos próximos e compartilhar seus conteúdos apenas com essas pessoas.
  • Se você é parte de uma iniciativa ou organização, crie uma estratégia digital para usar o Instagram. Organizações que decidem usar o Instagram como rede social devem entendem as particularidades da rede social, como o público-alvo e a linguagem, e produzir conteúdos relevantes e sinceros. Além disso, pelo grande engajamento do Insta, é fundamental criar uma rotina de postagens e estar disponível para responder comentários e mensagens, em um diálogo aberto com quem segue a sua página. Assim como o Facebook, é possível patrocinar posts para atingir mais pessoas, o que é uma forma de gerar ainda mais visibilidade para o público que interessa à organização.
  • Seja criativo: A concorrência pela atenção das pessoas é altíssima, portanto pense em como se diferenciar no feed. No Stories, é possível criar enquetes, campanhas de doação, inserir músicas e pesquisas. Ou seja, quanto mais você explora as funcionalidades, maiores as chances de estreitar o relacionamento e engajar mais pessoas.

 

Para saber mais

Instagram para empresas. Guia do Sebrae com dicas de como utilizar o Instagram para o seu negócio. Site:

Instagram e Stories. A especialista Camila Renaux comenta neste vídeo como gerar resultados no Instagram.

10 formas de dobrar o engajamento no Instagram. A influencier Gabi Ferreira ensina alguns truques para melhorar o relacionamento com os seus seguidores. Vale a pena conferir.

Dicas para destacar a sua organização no Instagram. Atualmente, 80% dos usuários seguem perfis comerciais, portanto é fundamental aprender como engajar as pessoas com a sua causa.

6 dicas para manter a sua saúde mental nas redes sociais. Reportagem de Galileu mostrar que é possível permanecer nas redes sociais e ao mesmo tempo cuidar para que o Instagram não prejudique a sua saúde mental.

Jéssica Almeida

Resumo em 5 pontos

1- Criado em 2009, o WhatsApp nasceu como uma alternativa para a troca de mensagens via SMS. A ferramenta, que hoje reúne 2 bilhões de usuários, transformou a forma como nos comunicamos com o mundo e se tornou vetor de desinformação.

2- As vitórias de Jair Bolsonaro, aqui no Brasil, e Narendra Modi, na Índia, foram influenciadas por mensagens incendiárias do WhatsApp, explorando o vasto alcance do aplicativo nesses países e, no caso brasileiro, o envio maciço de mensagens, o que é proibido pela lei eleitoral e termos de uso do aplicativo.

3- Na Índia, também houve relatos de pelo menos 30 mortes relacionadas a rumores que circulavam no WhatsApp. Durante a pandemia pelo novo coronavírus, o aplicativo se tornou epicentro de desinformação em várias partes do mundo.

4- Uma característica específica do “Zap” é a criptografia, ou seja, a codificação das mensagens. Como elas só podem ser acessadas por quem envia e por quem recebe, fica difícil controlar e regular o que efetivamente circula pelo aplicativo.

5- Um aplicativo que conecta grupos de até 256 pessoas, sem qualquer visibilidade pública, é por natureza, um canal para a circulação de teorias da conspiração, boatos ou conteúdos falsos. É preciso atenção para esse tipo de conteúdo.

O WhatsApp foi lançado em 2009, e desde então é quase impossível pensar em uma vida sem o aplicativo. Um bilhão de pessoas ao redor do mundo compartilham mensagens, fotos, vídeos, GIFs e links, e a informalidade, rapidez e a facilidade do WhatsApp contribuíram para que a ferramenta se tornasse popular entre todas as gerações.

Até uma etiqueta social foi criada especialmente para o uso do aplicativo. Silenciar grupos que falam demais, não deixar as pessoas sem retorno, conversar em linguagem de figurinhas e emojis. Uma verdadeira revolução na forma como nos comunicamos.

Mas, lá no início, os fundadores pensaram em um app voltado para a comunicação interpessoal. Até hoje os atuais donos — o Facebook — justificam que a função do aplicativo é o contato um a um, já que 90% das mensagens tem essa finalidade.

Com a inclusão dos grupos, a ferramenta começou a ser um dos epicentros de uma crise global de desinformação e de desconfiança generalizada.

Veja uma conta simples: imagine que todos os 256 membros de um grupo encaminhem uma notícia falsa para um grupo cada. E, então, cada integrante desses grupos encaminhe para mais um grupo. Em questão de instantes, a fake news original terá alcançado 16 milhões de pessoas!

Ao contrário de tantas outras plataformas de mídia social, o WhatsApp foi desenvolvido para proteger a privacidade. As conversas criptografadas permitem que falemos livremente; mas também injetam um caráter de sigilo e suspeita na esfera pública.

Enquanto Facebook, Twitter e Instagram têm maior possibilidade de controle,o WhatsApp permanece uma caixa preta em que os usuários podem conversar com mais franqueza. A confiança nos grupos aumenta, enquanto outras instituições – como a imprensa, se tornam cada vez mais desacreditadas. Um novo senso comum se desenvolve, baseado na suspeita instintiva em relação ao mundo além do grupo.

Acredita-se que o WhatsApp foi o principal meio utilizado para disseminar a desinformação nas eleições brasileiras de 2018. Acordos com operadoras permitem que a ferramenta seja oferecida gratuitamente até mesmo para quem tem restrições no plano de dados, o que amplia o alcance do aplicativo.

Para quem pesquisa o assunto, medidas anti fake news do Facebook e Google podem ter empurrado o compartilhamento de mentiras para o WhatsApp, que não conta com qualquer tipo de monitoramento.

Considerando que 66% dos brasileiros declararam utilizar as redes sociais como principal fonte de notícias, não surpreende que o país tenha enfrentado uma crise de disseminação de notícias falsas em 2018, a ponto da alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, declarar que as eleições foram afetadas pela desinformação, com a utilização de campanhas de desinformação e robôs nas redes sociais para influenciar opiniões e escolhas de eleitores individuais.

A pedido da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os fact-checkers da Agência Lupa analisaram o grau de veracidade de 50 imagens que circularam no WhatsApp entre os dias 16 de agosto e 7 de outubro de 2018, durante o primeiro turno eleitoral. Desse conjunto, apenas quatro eram comprovadamente verdadeiras. Oito das 50 imagens foram classificadas pela Lupa como inteiramente falsas.

Reportagem da BBC passou uma semana em grupos públicos do Whatsapp com apelo político, em que links, áudios, fotos e vídeos eram compartilhados sem critérios ou checagens. A experiência resultou na observação de que milhões de pessoas estavam expostas à desinformação, ataques à imprensa tradicional, com capas de revistas falsas, imagens fomentando ódio às minorias, guerra cultural com ataques sistematizados a artistas.

As mentiras têm consequências na vida real: em 2020, durante a pandemia do Covid-19, uma teoria da conspiração sobre o lançamento da tecnologia 5G afirmava que as antenas de telefonia móvel eram responsáveis pela doença. Em todo o Reino Unido, as pessoas começaram a atear fogo em mastros 5G, com 20 ataques incendiários apenas no fim de semana da Páscoa.

O WhatsApp transformou a vida cotidiana da Índia. O aplicativo e outras mídias sociais tornaram-se vetores de disseminação de discursos de ódio, misoginia e racismo no país que concentra o maior número de usuários de redes sociais no mundo. O compartilhamento generalizado de boatos levou a uma onda de violência no país, com pelo menos 33 mortos em 69 incidentes entre janeiro de 2017 e julho de 2018, o que forçou o WhatsApp a restringir o número de vezes em que mensagens trocadas por meio do aplicativo podem ser encaminhadas.

Estudo da London School of Economics and Political Science (LSE) aponta que usuários do WhatsApp na Índia estão predispostos a acreditar em desinformação e a compartilhar informações erradas sobre grupos discriminados, e independentemente da imprecisão de fontes ou das postagens, as pessoas tendem a corresponder e validar a mensagem de acordo com seu próprio conjunto de preconceitos ideológicos, posições e crenças carregadas de vieses.

A situação se repetiu durante a pandemia. Em 2020, à medida que o novo coronavírus se espalhou pelo mundo, um incêndio de informações falsas e não verificadas sobre a pandemia seguiu seu rastro. No WhatsApp, pessoas bem-intencionadas e temerosas seguem encaminhando mensagens com informações falsas ou fora de contexto, como advertências sobre medidas extraordinárias inventadas que os governos podem tomar para manter as pessoas em suas casas até números falsos de mortes e remédios ineficazes.

Neste caso, a onda de desinformação levou o mundo a uma infodemia, e forçou a empresa a impor um novo limite ao encaminhamento de mensagens. Atualmente, se um usuário receber uma mensagem encaminhada com frequência (mais do que cinco vezes), ele só poderá enviá-la para um único bate-papo por vez.

 

Dicas práticas

  • Resista à tentação de encaminhar mensagens sem refletir sobre o que você está fazendo. Por mais que o conteúdo seja importante, curioso, polêmico ou de interesse público, desconfie da procedência. Recebeu um áudio de alguém dizendo ser um médico e saber que descobriu a cura para o coronavírus, enquanto os cientistas do mundo inteiro estão lutando por uma vacina? Desconfie e cheque o que os principais veículos da imprensa estão falando sobre o assunto.
  • E se você descobrir que o conteúdo é falso, compartilhe com o mesmo grupo que encaminhou a mensagem. É importante ajudar os outros a desmascarar mentiras ou materiais fora de contexto. Avalie se é o caso de avisá-las diante do grupo ou em privado, se o clima do grupo for mais hostil.
  • Tome muito cuidado ao compartilhar textos, áudios, vídeos e fotos que possam ser comprometedores no futuro. Como já aprendemos, a criptografia de ponta a ponta do Whatsapp garante a privacidade das conversas dos usuários. Mas, em geral, as empresas de tecnologia têm mais autorização de uso sobre os nossos dados do que imaginamos. Além disso, a partir do momento que você divide uma informação íntima com alguém, vai depender da outra pessoa para mantê-la em sigilo.

 

Para saber mais

Blog do Whatsapp. Se você quer saber novidades sobre o aplicativo, vá direto à fonte.

Curso Vaza, Falsiane. Vale a pena conhecer o conteúdo completo do curso, mas esse módulo sobre o Whatsapp é imperdível!

Império Opaco: mapeamento da expansão da rede bolsonarista no WhatsApp. Artigo de Rodrigo Ratier, professor da Faculdade Cásper Líbero, um dos fundadores do curso Vaza, Falsiane e conteudista deste curso.

Fake news na eleição: uma semana dentro de 272 grupos políticos no Whatsapp.  Em 2018, equipe da BBC Brasil acompanhou o que os membros dos grupos políticos compartilhavam durante a eleição.

A desinformação do Whatsapp e Facebook. Felipe Castanhari, do canal Nostalgia, explica como a cultura do compartilhamento rápido de notícias falsas está acabando com os fatos.