Jéssica Almeida
Resumo em 5 tópicos
1- O Youtube é a maior plataforma de vídeos do mundo, com 2 bilhões usuários por mês. Além de uma fonte de entretenimento e aprendizado, o serviço movimentou a economia criativa ao abrir espaço para que qualquer pessoa pudesse ser um produtor de conteúdo – e ganhar muitos likes e dinheiro com isso.
2- Considerado a televisão do século 21, o site impacta diretamente a produção e distribuição de conteúdo original. Se no passado todos aguardavam ansiosamente pelo lançamento de músicas de artistas famosos no Fantástico ou na MTV, agora é o Youtube que concentra todas as superproduções.
3- O serviço se tornou uma ferramenta poderosa de aprendizado, com canais que oferecem conteúdos gratuitos, atualizados e dinâmicos.
4- Navegue com moderação, sempre. Assim como nas redes sociais, o Youtube utiliza algoritmos para indicação de próximos vídeos, e como eles sabem direitinho o que gostamos, passamos horas por lá. É a nossa atenção e o nosso tempo que o Youtube vende para que os anunciantes mostrem seus produtos e serviços.
5- A plataforma também se tornou um espaço propício para a disseminação da desinformação e de conteúdos de ódio, e mesmo com algumas medidas restritivas, ainda é preciso ficar atento ao que se assiste por lá.
Texto-base
Em 2005, um vídeo de apenas 18 segundos foi o primeiro publicado no Youtube. Nele, Jawed Karim, co-fundador da plataforma, conta timidamente sobre a sua experiência em um zoológico. Um ano após “Me at the Zoo”, Jawed Karim, Chad Hurley e Steve Chen venderam a plataforma para o Google por 1,65 bilhão de dólares. Em 15 anos, o Youtube transformou o vídeo no tipo de material mais visto na internet – diariamente, os usuários assistem cerca de 1 bilhão de horas.
Desde o seu nascimento, a plataforma possuía funções básicas de rede social que permitiam, por exemplo, que os usuários incorporassem vídeos em seus blogs. A expansão do Youtube incentivou milhares de mentes criativas a produzirem seus próprios vídeos, e a empresa do Google se transformou na televisão do século 21, com conteúdos gratuitos e disponíveis 24 horas por dia. E se você não curtir o vídeo, ainda pode deixar o seu comentário e interagir com outras pessoas.
Enquanto os artistas mais famosos do mundo acumulam bilhões de views, muitos anônimos se esforçam para se transformarem em youtubers. Os criadores de conteúdo profissional da plataforma produzem vídeos para os seus canais, que atraem interações dos usuários, como likes, comentários e visualizações. E, consequentemente, audiência para os anunciantes. Esta é a lógica do modelo de negócio que permite ao Youtube remunerar quem leva o tráfego de usuários para o site. Além disso, há a remuneração indireta, que os youtubers podem receber de patrocinadores, por exemplo. O número de canais ganhando mais de 100 mil dólares continua a crescer 40% ao ano, de acordo com dados da própria empresa.
A influência dos criadores de conteúdo vai muito além do público que acompanha os canais. Com mais de 40 milhões de inscritos em seu canal, Felipe Neto extrapolou as fronteiras do Youtube e hoje coleciona seguidores em outras redes sociais graças ao seu posicionamento político e social.
Outro ponto positivo é que a plataforma deu espaço para que pessoas que não tinham espaço na grande mídia ganhassem voz. A canadense Molly Burke, por exemplo, possui 2 milhões de inscritos no seu canal em que ela detalha suas aventuras e experiências como uma mulher cega.
Por muitos anos, a televisão cativou a sua audiência com telejornais, programas de auditório, novelas. Mas ao abrir espaço para a criatividade dos seus usuários e democratizar o acesso à informação, o Youtube transformou a forma como as pessoas consomem mídia.
O brasileiro passa, em média, 4h30 por dia conectado à internet e desse tempo, 1h47 ele passa jogando videogame, assistindo ao Youtube ou Vídeo On Demand. Isso coloca o Brasil na posição de segundo maior mercado mundial na plataforma em horas assistidas.
Na indústria do entretenimento, a plataforma se tornou um hub que reúne os grandes produtores de conteúdo do mundo, como BBC, Universal Music e Sony Music. Além da audiência, o Youtube roubou da televisão uma boa fatia dos anunciantes, que preferem dedicar seus orçamentos de marketing às campanhas digitais segmentadas .
Edutubers ajudaram a transformar o Youtube em uma ferramenta de aprendizado em um espaço gratuito e democrático. Os canais costumam atualizar conteúdos de forma dinâmica, com organização temática, interação com usuários e uma linguagem muito mais próxima dos estudantes. Durante a pandemia do novo coronavírus, em 2020, as visualizações diárias médias de vídeos com ensino em casa no título aumentaram mais de 120% globalmente.
Mas há também muitos problemas. O YouTube vem sofrendo críticas nos últimos anos por supostamente permitir a veiculação de vídeos com discurso de ódio e teorias da conspiração. A empresa também sofre acusações de manter os usuários em “bolhas”, reforçando as recomendações de vídeos similares e não remover conteúdo extremista. Anunciantes também boicotaram o serviço quando anúncios foram colocados ao lado de vídeos considerados inadequados pelas organizações.
Em 2019, a plataforma precisou criar uma política mais restritiva sobre conteúdos supremacistas ou que negassem a existência de atrocidades históricas, como o Holocausto.
Esta curadoria de conteúdos é uma linha tênue dentro das redes sociais. De acordo com a companhia, as alterações nos algoritmos de recomendação teriam reduzido o consumo de conteúdos “duvidosos” como curas milagrosas a doenças graves, afirmações de que a Terra é plana ou que façam alegações falsas sobre eventos históricos.
Dicas práticas
- Você é responsável pelo o que você publica. Se for postar vídeos, não utilize sua voz e influência para contribuir com a desinformação, os linchamentos virtuais, os discursos de ódio e a disseminação de conteúdos tóxicos.
- Se você quer usar o Youtube para divulgar sua empresa, saiba que é possível conversar com segmentos selecionados da população. A plataforma colhe dados dos consumidores impactados, ajudando a gerar novas estratégias e campanhas.
- Isso faz com que seja possível anunciar no Youtube escolhendo os tipos de vídeos e canais em que a sua organização quer aparecer. Essa coleta de dados também é objeto de críticas, pois invadiria a privacidade dos usuários — ainda por cima com objetivos comerciais.
- Consuma conteúdo de forma crítica e responsável. Sinalize os vídeos que possam estar violando a Política de Uso do Youtube, disseminando conteúdos de ódio ou negação de atrocidades histórias.
Para saber mais
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